Medusas que me lêem agora ...

terça-feira, 31 de julho de 2007

A noite


Ontem, fui sair com uns amigos, fomos até um bar, estava animada a conversa, bebemos alguns copos, entretanto estava na hora de fechar. Saímos para fora e ficamos à tua espera, pouco tempo depois apareces e juntastes-te a nós.
Decidimos ir para outro sítio curtir o resto da noite, fomos para uma barragem. Compramos algumas cervejas, bolicaos e lá fomos estrada fora. Quando íamos por um caminho, muito próximo da barragem, tudo escuro, o céu estrelado, um ambiente extremamente agradável, passamos por um homem, estava por detrás de umas ramadas de uma árvore próxima da estrada, eu que ia a conduzir e com muita atenção ao caminho, assustei-me, fiquei em pânico, pois o homem parecia ter um ar suspeito, trazia algo à tira cola e qualquer coisa na cintura, bem uma coisa irreal, continua-se o caminho. Mais à frente onde estacionei o carro, saímos dele e a conversa girou a volta do sucedido, histórias para aqui, histórias para ali, bem comecei a ficar com um sentimento de que algo nos observava, tentei abstrair da minha imaginação.
Riamos, tirávamos fotografias, bebia-se mais uns golos, mas a minha dúvida estava sempre alerta, pressentia e já ouvia coisas na minha cabeça. Não queria estragar o ambiente, ria-me de disparates que me passavam pela cabeça e dos que eles faziam. Por momentos parei para beber e acender um cigarro, quando olho para trás de mim, vejo três árvores gigantes que pareciam autenticas pessoas, admirei-as com muita atenção, a minha imaginação começou a funcionar a 100%.
Duas dessas árvores, tinham uns ramos mais saídos que o normal, parecia braços, a outra tinha, duas folgas no meio da folhagem que pareciam dois olhos gigantes, tudo começou desde então, um sonho acordada.
Essas árvores adquiriram vida, os ramos mexiam como braços e os troncos, arrancam-se do chão e mexiam-se como pernas gigantes. Eu ali estava, estática e em estado choque, dirigiam-se a mim, desatei a correr mato a dentro e tudo começou a ter vida, não sabia para onde correr, encontrei uma pedra com um buraco onde me refugiei. Sentada quase sem respirar, meto a cabeça no meio das pernas para não se sentir a respiração. Mais calma levanto a cabeça lentamente e olho para a frente, estavam uns olhos vermelhos lá ao fundo a observar-me por detrás de uma das árvores. Comecei a tremer, levei as mãos aos olhos, esfreguei-os para ter a certeza do que estava a ver, eram mesmo uns olhos vermelhos.
Levantei-me e desatei a correr novamente, tudo vinha atrás de mim. Fui dar a uma estrada, não sei onde, estava totalmente perdida, reparei que as árvores para a estrada não iam, mas esse, alguém de olhos vermelhos podia ir. Tornei a correr estrada fora, comecei aos gritos para ter ajuda de alguém, mas nada, não havia casas, pessoas nem carros. Ao fundo vejo uma luz branca, corro até ela, quando dou por mim, estavam eles a tirar uma fotografia com um flash que me cegou completamente, voltei à terra, que loucura!.
Olho para a fotografia, vejo-me com uma cara de pânico e branca como a cal, bem... fartaram-se de gozar, o cigarro já me queimava os dedos, não estava a sentir nada, a lata estava completamente virada para baixo, tinha-a despejado, foi algo hilariante. Tudo voltou ao normal, deixei de ouvir coisas na minha cabeça, o filme foi-se. Instalou-se uma brisa fresca que fazia arrepiar os pêlos, tivemos que ir embora, no caminho bem caladinha tentava recordar-me do sucedido, mas nada feito tudo parece normal como sempre foi.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A estrada


Decidimos viajar, era final de tarde, fizemos as malas, transportamo-las para o carro, antes de partir tomamos um café. Não sabíamos o rumo da nossa viagem, fomos estrada fora. Tudo ia muito animado, cantávamos, riamos, tirávamos fotografias. A criança que ia atrás deixou-se, entretanto dormir, baixamos a música e começamos a falar.
Eu ia a conduzir, não sei bem para onde. Já era tardíssimo, liguei os máximos para ver melhor a estrada, ele pouco depois deixou-se dormir, ia só eu, a concentração tornou-se mais intensa, nada podia correr mal. Decidi ir por caminhos desconhecidos, deixei-me levar pela aventura do meu ser, (não sou assim), mas queria saborear a adrenalina.
Pois bem, meti-me por caminhos e serras, estava muito escuro, a estrada começou a encurtar, os traços mal se viam, não havia separadores, sinais, não cruzávamos com carro, não havia pessoas nem animais, comecei a achar estranho, mas estávamos a atravessar a serra. Entretanto começa a haver nevoeiro, um nevoeiro serrado, abrandei a velocidade para metade, já ia a 20 km, liguei a luz de nevoeiro.
No meio do caminho e do nevoeiro serrado, começo a ver pessoas com paus a correr serra abaixo, não sei o que estava a passar, paro o carro, abro a porta e vou nas suas direcções, mas deparo-me que não havia pessoas, meu coração entrou em pânico, batia fortemente, comecei a chamar-me de maluca, assim que entrei no carro, vejo novamente essas pessoas, pareciam ser sempre as mesmas. Decidi aproximar mais um pouco, para ter a certeza do que via, parei novamente o carro, mas não saí, o motor ficou a trabalhar, esperei que todas as pessoas passassem, eram muitas, mas ouve uma que se destacava no meio de tantas, era um homem grande, trazia a camisa rasgada, o colete já não tinha costas, as calças a meia perna todas rasgadas, as meias cheias de buracos, os sapatos rotos no calcanhar e um lenço ao pescoço todo sujo, o cabelo completamente despenteado, olhos profundos e negros (não se viam), a barba rala, parou e virou-se para mim, aproximou-se um pouco, tranquei as portas, olhou-me nos olhos fixamente e começou a apontar com o pau, que trazia na mão, uma direcção. Ele era horrível, mas parecia estar aterrorizado, com algo que eu não percebia o que se estava a passar, eu agarrada ao volante com os olhos bem aberto sem pestanejar, não me mexia, não respirava, deixei ir o carro abaixo, estava aterrorizada.
Pestanejei, segundos e o nevoeiro desapareceu, o carro estava desligado a música era só ruído, encostei a cabeça ao volante e perguntei: “estarei cansada?”, “o que é que se passou aqui?”, liguei o carro para continuar o caminho, o carro não pegava, tentei acorda-lo para me ajudar e ele nada, eu sabia que tinha que ir ver se o motor estava bom, mas tinha medo, procurei o meu telemóvel para ligar há assistência de viagens, mas não havia rede, então peguei no meu MP3, pus a música bem alto para não correr o risco de ouvir qualquer coisa, receei, tentei novamente, para ter a certeza de que o carro não pegava e não pegou, abri a porta vagarosamente, a minha visão parecia captar tudo em meu redor, estava a tremer de medo, abri o capo, mas sempre a olhar para a frente, um dos fios do meu MP3 ficou preso e caiu-me da orelha, nos segundos em que estava a olhar para o motor, a música pára e sinto uma voz bem perto da minha orelha que dizia “ não vás para ali”, fiquei estática e apavorada, a voz sumiu, comecei a gritar mas ninguém me ouvia, queria correr as minhas pernas pareciam não querer andar, fecho o capo batendo com toda a força, mas ninguém me acudia, parecia estar presa há terra, entrei em transe, baixei a cabeça e contei até 10, não sei como aconteceu já tinha na orelha o auricular que me tinha caído, a música estava muito alta, dirigi-me para o carro, estava branca sem reacção. Entrei no carro, sentei-me, agarrei o volante para ter a certeza que estava segura e fiquei minutos a olhar o vazio que estava à minha frente.
O carro ligou-se a música começou a dar, bati-me na cara para acordar, introduzi recuo, inseri a primeira e voltamos para trás.
Já na auto-estrada, paro na estação de serviço para tomar café, pego na carteira, saio do carro, ele e a criança ficam no carro a dormir, vou até ás portas automáticas, e abrem-se caminho até ao balcão, estava de rasto, ia de cabeça baixa a contar as moedas para pagar o café, quando olho para cima, a pessoa que estava atrás do balcão... era o homem grande que me tinha fixado os olhos naquela noite horas antes.

domingo, 29 de julho de 2007

Quero o espelho com a minha alma


Gostava de ter a minha alma ao lado, para olhar e ver as minhas reacções de quando falo, escrevo, quando faço caras estranhas com coisas que acontecem, quando grito, quando estou triste e tudo mais. Tudo isto gostava de ver para depois não ter que pensar no que disse, mas sim responder no momento o que penso depois, porque no momento digo o que não queria ter dito e depois de pensar já não posso dizer porque já é tarde. É estranho, muito estranho porque quando estou a pensar no que disse, aí sim vejo a minha pessoa, como falei, como agi, o que disse.
Por vezes dizemos coisas que não gostaríamos de o dizer e ouvimos o que não gostamos de ouvir, insultos, humilhação, tudo o que afecta, é triste porque logo a seguir temos que nos desculpar porque não era bem aquilo que queríamos dizer ou dar a entender, é por isso que gostava de ter a minha alma ao meu lado para me poder apoiar nela.
A mente é muito estranha, esquecemos o que não queremos e lembramo-nos do que não gostamos ou o contrario esquecemos o que não gostamos e lembramo-nos do que não queremos.
Gostava de me lembrar de toda a minha infância toda todinha, gostava de me lembrar se fui feliz ou infeliz, se me ria a toda a hora se andava triste, relembrar muitas brincadeiras que tive e agora não me lembro, dos amigos que tive a agora não os consigo recordar, das brincadeiras, das rebeldias, das partidas, de tudo o que não me consigo lembrar, estou a ficar triste mas não posso hoje até acordei bem disposta, hoje sinto que posso rir, ouve-se a música que se inspira e escreve-se mais um pouco do que vai na alma, adorava ter a minha alma aqui ao lado para ver o meu comportamento.
Porque penso tanto na vida e escrevo o que sinto, tenho receio de falar não gosto de falar do que sinto do que vai na minha cabeça, não gosto de mostrar os meus sentimentos, tenho dificuldade em exprimi-los, será defeito? Não gosto é simples não posso ir contra a minha natureza sou assim e por vezes tenho pena de o ser, gostava de por sempre pedras por cima e caminhar em cima delas mas não sou capaz levo tudo muito a sério e tudo me toca no coração, o pequenino órgão que é tão sensível.
Gostava de me perguntar a mim própria porque é que desde ontem escrevo no computador? É muito estranho pois nunca gostei, será que tem algum objectivo? É incrível, mas não sei o que me deu gosto mais de escrever no papel, gosto de guardar os meus sentimentos no caderno não gosto que ninguém os leia detesto, mas estou espantada comigo própria escrever no computador foi um grande passo, agora só tenho pena de não o poder guardar como faço com o meu caderno, gostava que ninguém lesse o que escrevo, ou talvez não fará mal, quem ler isto verá um pouco da minha alma e o quanto ela grita e chora por alguém.
É bom, mas fico sempre na dúvida, quem ler isto compreende-me? Duvido, nunca irei publicar nem dizer a ninguém vou esperar que alguém repare e comente, não tenho a certeza se vou continuar a escrever aqui mas acho que não me vai valer de nada, a dúvida vai sempre permanecer no ar.

Sozinha...


O momento, silêncio é aquele que nos acompanha na vida, acaba por se tornar o nosso companheiro de rotina. Ter momentos de silêncio quando estamos acompanhados é algo de estranho, tudo se remete a um simples olhar, a um simples gesto.
Vou na rua sozinha, olho há minha volta e vejo as pessoas também sozinhas, falam com o ninguém, gesticulam para o ninguém, vão vagueando pelas ruas assim. Não falo, mas penso para comigo, estas pessoas estão doidas? Que lhes vai na cabeça? Porque falam com o ninguém? Será por isso que imaginamos pessoas ao nosso lado? O tal amigo imaginário? É um facto, fala-se para o ninguém, mas ele sabe nos ouvir e compreender, enquanto se falarmos para uma pessoa a resposta é certa.
É giro porque eu estou na mesma situação que essas pessoas, sozinha, eu e o silêncio. Por vezes dou comigo, inconscientemente, a falar sozinha não sei do quê, nem para quem, o certo é que passamos a maioria do tempo sós.
Estou, enfrente ao computador a escrever, estou sozinha, leio em voz alta o que escrevo, no fundo estou a falar sozinha. Por isso estou feliz ou infeliz? Nem uma coisa nem outra, sinto-me bem por estar a escrever, por falar sozinha ao menos falo como quero, zangada, feliz, triste, sei lá, depende do meu estado de espírito. Falar sozinho, não quer dizer que sejamos malucos, falo por mim, apenas me faz sentir bem, dá para falar da vida, pensar nela, imaginar diálogos com respostas, brincar, tudo o que não se faz quando, por vezes, estamos acompanhados.
Quando estou só e bem comigo mesmo, sinto-me livre, que posso fazer o que quero, gritar quando se deseja, dançar como me apetece, alargar a alma com o sentido de poder fazer tudo. Quando estou triste, a coisa muda de figura, sinto-me a pior coisa do mundo, choro por tudo e mais alguma coisa, olho-me ao espelho, parece que tudo está perdido.
Mas nos momentos de solidão em que começo a pensar, sinto-me outra pessoa, como se o meu ser, não correspondesse a mim. Saio do meu corpo e torno-me noutro individuo, uma pessoa comum, com energia, com graça, com sentido de orientação, que sabe estar e falar.
A solidão traz momentos curiosos e comportamentos que nunca pensávamos vir a ter, é bom estar sozinha, saboreá-la, saber dar valor há solidão é muito importante, podemos dar 360º na nossa vida, eu posso comprovar, pois sinto o meu comportamento diferente.
Estive muitas vezes a pensar, porque penso quando estou só e não falo quando estou acompanhada? Estar sozinha faz com que, o que estávamos a pensar se torne banal, passe à história, já não faz sentido em estar a falar de coisas supérfluas, assim até evitamos discussões e mau estar entre nós.

sábado, 28 de julho de 2007

O poder da música





Ouço e danço ao som dos Doors, fonte de inspiração e relaxamento do corpo e da mente, gosto de ouvir música calma e que me encha de energia, danço para espantar o mal que me rodeia, solto os meus longos cabelos e faço-os dançar com a música, canto bem alto para abrir os meus pulmões, dou voltas e voltas sinto-me livre, meu coração enche-se e bombeia com toda a força todo o sangue que nele circula, escrevo mais um pouco para me sentir melhor, fuma-se uns poucos de cigarros olha-se para o fumo que vagueia pela sala e vai desaparecendo vagarosamente. Continuo a ouvir a música que me faz sentir leve, vou abanando o meu corpo para o descontrair, olho para o ecrã e leio o que escrevo e fico feliz pelo que escrevo.
A música tem um poder que me faz deslumbrar, viajo por montes e vales por cidades e aldeias, voo sem ninguém me pedir explicações, perco-me por desertos, mergulho no oceano estou completamente a delirar, estou a começar a soltar-me, a música continua, fecho os olhos para continuar a minha viagem, voo tão alto que consigo ver os países, não quero parar porque estou a gostar, mas quando a música parar? Não quero que ela pare nem acabe, quero ouvir e ouvir, dançar e dançar até não aguentar mais, quero ficar bem comigo própria e se é desta maneira então quero continuar, não me farto de ouvir sempre a mesma música ou as mesmas músicas é com elas que me sinto bem então não vou parar.
Quero apodrecer a ouvir estas músicas, quero dançar até ter os pés em ferida, quero viajar até não aguentar mais e cair redonda no chão, não ter forças para me levantar, quero rir até doer a face, quero sentir-me como não sou. “ People Are Strange.”
Porque parei no melhor momento? Agora estou a recompor-me, acabei de acordar de uma sesta maldita, não queria que isto acontecesse a energia acabou por abalar e o espírito que tinha foi-se, é lamentável mas foi o que aconteceu espero por outro momento assim. A música volta e lá estarei para a ouvir e dançar com o seu som.
O som que penetra na cabeça, a voz que se instala nas profundezas do cérebro faz voar toda a imaginação, solta-se o espírito de criança que há em nós e tudo começa a revelar-se num momento de transe, esquece-se os problemas, as tristezas, as amarguras e mergulha-se no baú dos momentos da felicidade tudo parece muito melhor muito mais fácil de olhar a vida, todo parece bom.

O diabo e o anjo


É constantemente o diabo e o anjo que discutem com o que digo e o que penso e quando não estão tenho o juízo a moer-me a cabeça, meu deus quando é que paro de pensar? Estão sempre na pior altura, chegam quando não devem e abalam quando preciso deles, pergunto-me a mim mesma porque lhe dou ouvidos, é sempre a mesma coisa, que raiva.
Quando estou a discutir lá vem o diabo a dizer-me: “diz-lhe, reforça a ideia responde-lhe”, quando me calo vem o anjo e diz-me: “ se ele diz para admitir, admiti, não forces essas ideias parvas”, vem o diabo e diz-me: “ não sejas parva, isto não pode ficar assim”, bem instala-se algo de curioso a negação e o positivo, no meio vem o juízo e diz-me: “cala-te é melhor, isto está a ir longe demais e não vão a lado nenhum com isso”, mas que confusão, estou farta desta vida de pensar para lá, pensar para cá, até quando?
Tenho dois monstrozinhos a chatear-me a cabeça, qual dos dois com a razão nem sei a qual darei ouvidos é difícil mas ambos têm razão, se as coisas ficarem por dizer, não são esclarecidas se são ditas as coisas alastram-se na discussão, é como diz o ditado “mal por ter cão, mal por não ter”
Merda para isto tudo, estou farta, estou farta da raiva do ódio, de ser boazinha e compreensiva, que coisa, hoje nem a música me soa bem. Estou a ficar enraivecida, não sei estar quieta, não sei já pensar direito, estou a fartar-me de tudo isto. Chegaram os malditos monstrozinhos e o juízo veio para os acalmar, estão muito eufóricos. Vou distrair-me com outra música, possa ser que tudo fique mais calmo, vou tomar banho para refrescar as ideias talvez isto vá ao sitio. Tchau por hoje fica assim.